domingo, 6 de julho de 2014

O Senhor da Guerra, Cães e Lobos.

Nada mais apropriado para uma retomada do que o pensamento motivador para tal. 



“...- Você é um homem decente, filho - disse ele, com ressentimento, - um homem decente. Tenho orgulho em você, mas acha o mundo bom demais. Lá fora existe o mal, o verdadeiro mal, e você não lhe dá valor.
O senhor mesmo não fez o mesmo - perguntou Gwydre, - quando era da minha idade?
Artur confirmou a pertinência da pergunta com um breve sorriso.
- Quando eu tinha a sua idade - afirmou, - acreditava que conseguiria mudar o mundo. Acreditava que tudo o que este mundo precisava era de honestidade e de bondade. Acreditava que se tratasse bem as pessoas, se lhes concedesse paz e lhes oferecesse justiça, elas responderiam com gratidão. Achei que conseguiria suprimir o mal com o bem - fez uma pausa. - Creio que julguei as pessoas como cães - continuou ele, pesarosamente, - e que se lhes concedesse bastante afeto, então seriam dóceis. Mas elas não são cães, Gwydre, são lobos. Um rei tem de governar mil ambições, e todas elas pertencem a velhacos. Você sentirá lisonjeado, e nas suas costas, troçado. Os homens jurarão lealdade eterna num instante e conjurarão a tua morte no seguinte. E, caso sobreviva às suas conspirações, um dia terá a barba grisalha como eu e refletirás sobre a sua vida passada, perceberá que não alcançou nada. Nada. Os bebês que admirou nos braços das suas mães crescerão e se tornarão assassinos, a justiça que fez cumprir estará à venda, as pessoas que protegeu estarão ainda zangadas, e o inimigo que derrotou ainda ameaçará as suas fronteiras. - À medida que fora falando a sua ira aumentara, mas neste instante aplacou a ira com um sorriso. - É isto o que deseja?...”


As Crônicas do Senhor da Guerra - Excalibur - pg. 212. 

Lembro que quando li isso pela primeira vez, tive que reler pelo menos umas 5 e fazer diversas comparações com tudo que vejo. O que me atrai tanto da citação é que você passa 3 livros acompanhando o que um homem faz para trazer ordem e justiça e como tudo isso vai sendo frustrado frequentemente pelos seus próprios protegidos.


É legal também tentar reparar que isso acontece tão frequentemente no mundo que é como se essa conclusão sobre as pessoas fosse um retrato muito bem feito e preciso, considerando um panorama bastante generalizado.

O Rei sem coroa, Artur.




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