domingo, 13 de julho de 2014

Cthaeh

Eu já li uma certa quantidade de obras fantásticas, já assisti uma boa gama de filmes e ouvi bastante coisas sobre seres especiais criados por muita criatividade. Sejam os Jedis de Star Wars, os Caminhantes Brancos das Crônicas de Gelo e Fogo, Demônios diversos, Anjos apelões, seres mais aleatórios com propostas mais complexas e tudo mais. Mas em tudo que já consumi em relação a isso, nenhum Ser me intrigou tanto quando Cthaeh das Crônicas do Matador do Rei.



Pelo entendido, Cthaeh é um ser que vive preso dentro de uma árvore, na terra dos Encantados, até aí, tudo bem, não fosse o fato dele ser onisciente. Até aí, também tá tudo bem. 

"– Reshi, o Cthaeh pode ver o futuro. Não num vago sentido oracular. Ele vê todo o futuro.
De forma clara. Perfeita. Tudo o que tem alguma possibilidade de vir a suceder, em
intermináveis ramificações a partir do momento presente.
Kvothe ergueu uma sobrancelha:
– Pode mesmo, é?
– Pode – respondeu Bast num tom grave. – E é de uma maldade pura, perfeita. Isso não
constitui problema, na maioria das vezes, já que ele não pode sair da árvore. Mas, quando
alguém vai visitá-lo…"

"– Porque tudo que leva a influência do Cthaeh para longe da árvore… – começou Kvothe,
baixando os olhos para as mãos e passando um longo momento em silêncio, meneando a
cabeça com ar pensativo. – Assim, um jovem em busca da sorte vai até o Cthaeh e pega uma
flor. A filha do rei está mortalmente enferma e ele leva a flor para curá-la. Os dois se
apaixonam, embora ela esteja noiva do príncipe vizinho…
Bast fixou os olhos em Kvothe, observando-o com ar inexpressivo enquanto ele falava.
– Eles tentam uma fuga ousada ao luar – continuou Kvothe. – Mas o rapaz cai do telhado e
os dois são apanhados. A princesa se casa a contragosto e, na noite de núpcias, esfaqueia o
príncipe, que morre. É a guerra civil. Campos incendiados e cobertos de sal. Fome. Peste.
– Essa é a história da Guerra de Fastingsway – disse Bast, em tom débil.
Kvothe assentiu com a cabeça.
– Foi uma das histórias contadas por Feluriana. Eu nunca havia entendido a parte da flor,
até agora. Ela nunca mencionou o Cthaeh."

A Crônica do Matador do Rei - O Temor do Sábio pg. 692-693.

É incrível a perspectiva de encontrar um Ser que simplesmente dá um "destino"(ou a impressão de ter lhe dado um) a sua vida. É complicado, porque também passa a impressão de que o personagem não é mais autônomo, parece que tudo que ele faz ou deixa de fazer é uma decisão que foi moldada por uma simples conversa, tempos atrás.

Mas ainda há esperanças, se bem posso acreditar na incredulidade do Cronista.

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