Já fazia um bom tempo desde que eu não passava pela Linha
Vermelha, bem ali perto da Ilha do Fundão, olhando pra direita, na volta pra
casa. Aquilo me traz umas boas lembranças...
Eu lembro bem daquele dia, de como acordei desnorteado,
depois de dormir pouco em relação a minha quantidade de cansaço. Mas não estava
achando ruim, dormir era algo que me deixava uma impressão de desperdício, dias
atrás, ficar acordado nem que fosse para devanear. Aquilo me servia bem demais.
E durante todas aquelas horas, eu não sabia bem o que estava
para acontecer, parecia tudo tão...perfeito. Entre risos e surpresas, eu acabei
perdendo o momento logo antes de ir. Perdi o entendimento do que estava
acontecendo. E confesso que quando meu sangue começou a esfriar, depois daquela
corrida, eu me arrependi de estar sentado ali, indo para o escuro.
Eu passei uma parte do meu tempo refletindo se aquela cena
seria final, ou se eu teria a oportunidade de viver aquilo novamente. Os mesmos
atores, talvez um cenário diferente, quem se importaria?!
Tanto tempo depois, eu comecei a pensar e, sinto como se não
fosse haver outra versão de um filme tão agradável. Não sei dizer o motivo, mas
mesmo tentando excluir uma série de sentimentos ruins, parece que alguns
elementos cruciais morreram, ou simplesmente possuem uma doença crônica que
causam fortes limitações. Provavelmente não serão mais convocados.
E mesmo depois de muito tempo no meu HD, parece que eu
acabei achando uma música que me encantou e traduziu tão bem aquilo que eu
senti no meu lobo pré-frontal direito, bem depois de sentar
naquela poltrona, e em algumas vezes mais...
"...Where ever I go
What ever I do
I wonder where I am in my relationship to you
Where ever you go
Where ever you are
I watch your pretty life play out in pictures from afar..."
Tenho certeza de que se eu tivesse compreendido melhor aquela sensação, ignoraria aquele aviso assustador, e me manteria próximo dessa coisa que vem se distanciando tanto nessa esfera efêmera, que antes era meu lar, e agora parece tão vazio...